quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O Rio ainda ri


Cartum de Alves


Suzan Boyle por Leo Martins

Sob a coordenação de Eliana Caruso, foi inaugurado no dia 16 de novembro, no Centro Cultural Correios, o II Festival Internacional de Humor do Rio de Janeiro, que apresentou cinco exposições que estão entre as melhores montadas em 2009. Na mostra Prêmio Desenho de Imprensa foram selecionados 60 trabalhos de artistas de várias partes do Brasil que publicam em veículos impressos de todos os gêneros, apresentando o que nossos desenhistas de humor andam produzindo na imprensa pelo país afora. Formado pelos consagrados cartunistas Aroeira, Chico Caruso, Jaguar e Nani, o júri escolheu a ilustração assinada por Daniel Kondo (“Das batalhas de Termópilas ao 11 de Setembro”), do Le Monde Diplomatic; o cartum de Evandro Alves (“Camaleão”), da revista Mad; e a caricatura de Leo Martins (“Suzan Boyle”), do jornal O Estado de São Paulo, como as obras vencedoras deste concurso. Cada vitorioso recebeu um troféu desenhado por Marcelo Monteiro e confeccionado por Eduardo Andrade, que representa a figura do Pequeno Jornaleiro, imortalizado pelo cartunista Fritz numa escultura que está afixada no Centro do Rio de Janeiro. Na versão atual, criada para o troféu, o Pequeno Jornaleiro aparece sentado sobre uma pilha de jornais enquanto lê as páginas de um diário. A curadoria do Prêmio Desenho de Imprensa ficou por conta do competente Amorim.
Além do Prêmio Desenho de Imprensa, o Festival apresentou a interessante mostra “A França no Brasil – 200 anos do Desenho Francês”, resumindo o que de mais interessante foi produzido na França entre os séculos XIX ao XXI, resultando na apresentação da obra de 43 desenhistas que fizeram a história do humor gráfico europeu. São eles: Abel Faivre, André François, André Gill, Bosc, Bretécher, Brito, Cabrol, Cabu, Caran D’Ache, Cardon, Chaval, Coureil, Daumier, Desclozeaux, Dubout, Folon, Grandville, Gustave Doré, Honoré, Jassot, Jiho, Kiro, Leal da Câmara, Léandre, Loup, Moisan, Moris, Mose, Mulatier, Pancho, Paul Iribe, Philipon, Piem, Plantu, Reiser, Robida, Sempé, Siné, Solo, Tim, Topor, Toulouse Lautrec e Willem. Sem querer desmerecer a qualidade desta exposição, que incluiu também curiosa coleção dos mais significativos periódicos franceses, não poderia deixar de registrar a ausência da obra de George Goursat, o Sem, que foi, sem dúvida, um dos maiores caricaturistas franceses em todos os tempos, mas infelizmente foi esquecido pelos curadores António Antunes e Carlos Brito.
O Festival traz também o World Press Cartoon, tido como o maior concurso de humor gráfico do mundo destinado aos profissionais de imprensa, que apresenta obras de cartunistas de todas as partes do planeta, entre eles o nosso Baptistão.
Para mostrar que o Festival está aberto às inovações tecnológicas, o cartunista Jorge Guidacci foi convidado para coordenar a Mostra de Videografismo, hoje uma das mais frequentes formas de comunicação popular, principalmente na Internet. Atualmente, graças às facilidades e custos relativamente acessíveis das ferramentas digitais, muitos artistas combinam desenhos, fotografia e música com mensagens que atingem uma faixa cada vez maior de usuários. Exemplo disso é o trabalho de Maurício Ricardo que ficou famoso graças às sátiras que produz praticamente sozinho, com direito a música, dublagens e, é claro, seus ótimos desenhos. A Mostra de Videografismo teve a participação de artistas talentosos como Rê Martins, Nei Lima, Duayer, Romero Cavalcanti, Zé Andrade, entre outros.
Com a curadoria do caricaturista e pesquisador Cássio Loredano, a grande atração deste Festival foi a apresentação da rica obra do cartunista Fortuna, que ganhou o título de O Cartunista dos Cartunistas, que mais do que um elogio, trata-se do reconhecimento de seus colegas dos tempos de O Pasquim, que assim consideravam Reginaldo José Azevedo Fortuna - maranhense, nascido em 1931, e que chegou ao Rio de Janeiro aos 16 anos, e faleceu precocemente no dia 5 de setembro de 1994. Começou publicando seus desenhos na revista O Espêto, depois O Coringa, A Cigarra, Sesinho, Correio da Manhã, Pif-Paf, Revista da Semana, Senhor, O Bicho, Folhetim, Veja e, é claro, O Pasquim, do qual foi um dos seus fundadores.
Tudo isso resultou num belo catálogo de 248 páginas, muito bem diagramado e impresso, com o que de melhor se viu nas exposições. Aliás, até o título deste livro não poderia ter sido mais bem escolhido, no caso “A Arte de Desenhar”, que representa o real sentimento do cartunista brasileiro em relação ao seu trabalho. Destaco ainda os ótimos depoimentos dedicados ao Fortuna, assinados por Jaguar e Felipe Fortuna (filho do cartunista), que emocionam ao confirmarem o caráter e o idealismo de um dos mais talentosos desenhistas da nossa imprensa.
Pode-se dizer que, mesmo com a extinção do Salão Carioca de Humor, os flamenguistas, tricolores, vascaínos e botafoguenses têm hoje um evento de humor gráfico que faz jus à fama do Rio de Janeiro de ser a Capital Nacional do Humor.

3 comentários:

Junior Lopes illustrator disse...

blza,Ze,,pena q nao pude ir,mas soube q foi sensacional.abço.

lokaz disse...

Oi Zé,
gostei da página!!
Vou começar a ver pra saber das novidades :P
Já vi a expo dos correios, muito boa mesmo. O desenho da susan Boyle é bom demais hahaha.
Vc vai divulgar aqui o encontro de sábado que vem?
beijos e até logo!

A Desbocada disse...

Adorei a do Michel Jackson!!! Muito boa!!!
Beijos Zé!!!